A palavra corrupção tornou-se um termo bastante pronunciado nos meios sociais, geralmente carregada de um sentimento pejorativo, associado à escândalos políticos. E as pessoas se veem no direito de pronunciá-la com total liberdade, fazendo comentários de cunho político no direito de exercer uma opinião própria e crítica. O mais importante nisso tudo é que a corrupção não está longe da sociedade, ela é um espelho das nossas ações, um reflexo que funciona numa dimensão social.
A corrupção pode ser considerada uma chaga de conceito social, humano, político, religioso, dentre outros, que perpetua a miséria e que rompe com os grilhões de uma postura ética e moral. O fato de reconhecer as consequências danosas da corrupção como a principal geradora de todas as mazelas sociais, permite uma reação de indignação e repulsa por parte dos cidadãos.
Os efeitos de um ato de corrupção fere o sentimento humano e sociedade.usurpa os direitos de cidadania que cada pessoa conduz em si, isso justifica a descrença numa política honesta, onde as bases de justiça, igualdade e integridade já não possam mais existir. Isso gera um ceticismo (sentimento de dúvida) geral numa sociedade amargurada pela desconfiança.
Cotidianamente nos vemos rodeados por notícias que envolvem suborno, extorsão, desvio de dinheiro e muitos outros crimes, que às vezes de tanto se repetir são por fim considerados normais e até aceitáveis como padrão de uma nova sociedade, que abandonou seus valores éticos. Portanto, diante de tais atrocidades é de grande importância que as pessoas possam repensar suas ideias e valores, principalmente ao discutir a corrupção como um assunto ligado à decisão política e suas consequencias pra toda a sociedade.
O que se propõe colocar em evidência, é que antes de qualquer coisa devemos repensar nossas ações e escolhas como cidadãos, ou seja, questionar nossos comportamentos e sentimentos de alteridade e de empatia pelo povo. Geralmente as pessoas são impulsionadas a tomar decisões e optar por escolhas egoístas sem jamais considerar o bem estar coletivo e o desenvolvimento da cidade como um todo. Quando se discute a corrupção no meio político, as pessoas não percebem que tudo é semelhante a uma teia, onde o que se vê nada mais é do que a reprodução de uma corrupção que se encontra dentro de cada um.
Antes mesmo de falar sobre corrupção e julgá-la como algo vil e desumano, é necessário que cada cidadão se coloque numa posição mais crítica, sabendo que seus atos não são ações isoladas, porque à medida que as ações humanas são adotadas numa relação de venda ou troca de favores, priorizando com isso, o bem-estar próprio, abandonando o próximo a sua sorte e reproduzindo a desigualdade no meio social, através de um quadro de exclusão, miséria e de sucateamento da máquina pública (poder público) ele se torna verdadeiramente – corrupto.
À medida que a pessoa vende sua integridade, ela perde seu direito de cidadão e também perde sua liberdade de expressão e de reivindicação. Como poderia lutar contra a corrupção numa dimensão pública? Como poderia exigir justiça social? Como poderia fazer críticas, se também me torno um sujeito corrupto?
São estas indagações que precisam mobilizar a sociedade, para um futuro onde as bases da coletividade sejam fortalecidas nos princípios de igualdade e melhoria das condições de vida de todas as pessoas. É claro que a sociedade se corrompeu a um nível alarmante, não há dúvidas sobre isso, mas não é ético aceitar e difundir a corrupção com tolerância; nem aceitar que ela é um mal irreversível e de que todas as pessoas já foram contaminadas. A corrupção se assemelha a uma doença, contudo uma doença que pode ser sanada, pois a cura está nos nossos valores como autênticos seres humanos.
Francisco Balbino Sousa
Fonte: O Folheto
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